VISÃO HOLÍSTICA E DIREITO SISTÊMICO ATUAL

No Direito tradicional temos a tentativa da normatização de condutas e solução de conflitos visando o bem estar da população;  mas na prática a maioria dos  juízes se distanciou dos anseios desta sociedade, ao aplicar com frieza e lentidão a Lei , o mesmo ocorrendo com muitos advogados  , que dentro de uma visão reducionista , viraram especialistas em suas áreas, dificultando a solução dos conflitos , por falarem línguas diferentes e tentarem, como verdadeiros gladiadores , que prevaleça o ponto de vista unilateral de seus clientes.

Podendo, facilmente, ser observada a mudança de paradigma, nos mais diversos ramos do conhecimento humano, inclusive em decorrência das descobertas da física quântica (Max Plank, Einstein, Niels Bohr, Heinsenberg, Bohm), dos campos morfogenéticos (biólogo Rupert Sheldrake), das funções dos hemisférios cerebrais (neurofisiologista Karl Pribham), da psicologia transpessoal (Pierre Weil, Maslow, Stanislav Grof, Brian Weiss), da medicina psico-somática (Carl Simonton,Patch Adams, Bernie Siegel), das terapias alternativas (médicos Deepak Chopra e Richard Gerber) etc.

Por isso que publiquei, no início de 1997, meu livro “Uma Visão Holística do Direito”, já traduzido para o inglês e espanhol e disponível gratuitamente no meu site (www.sergionogueirareis.com.br), para ajudar os estudantes e operadores do Direito, de forma prática e abrangente, a se inserirem nas novas perspectivas de atuação  profissional, dentro de uma visão sistêmica, que se inicia no seu processo de autoconhecimento. Nesta  abordagem holística no Direito, onde o juiz utiliza sua sensibilidade para aferir a verdade emergente da lide, com agilidade oferecendo suas sentenças; ao passo que os advogados buscam , primeiramente, a conciliação dos interesses dos seus clientes numa negociação em que ambas as partes podem sair ganhando , inclusive amenizando o desejo de vingança ou ódio do seu cliente, ao explicar-lhe o processo de somatização de doenças , derivado do cultivo dessas emoções negativas. 

Inclusive há alguns anos acompanhei, o Congresso da Aliança Internacional de Juristas Holísticos, entidade que represento no Brasil, quando estivemos reunidos com 150 juristas , em Miami-EUA, para debater “O  Direito Como uma Profissão de Cura”, ou seja, como evitarmos que as partes e advogados envolvidos em litígios judiciais somatizem seus sentimentos de raiva, vingança ou depressão em doenças; lições estas que já estão sendo ensinadas nas principais Faculdades de Direito americanas, como relataram os Profs. Cheryl Conner da “Suffolk University Law School”-Boston; Susan Daicoff da “Capital University Law School”-Ohio; Bruce Winick da “University of Miami”; David Wexler da “University of Arizona”; Edward Dauer da “University of Denver”; Bill Weston da “Florida School of Law”e Jamie Cooper da “ Western Law School-San Diego”; todos preocupados em dar maior ênfase na função social e ética, do que na visão mercantilista do futuro operador do direito. Estas tendências do direito moderno visam evitar a manutenção do nível de desajuste físico e emocional dos seus profissionais, consoante pesquisa apresentada por psicólogos, que constataram um padrão constante de cerca de 20% destes profissionais, com graves problemas de depressão e estresse. Esta constatação  levou a OAB Federal  à publicação do Provimento n. 186, de 13.11.18, que criou o Plano Nacional das Doenças Ocupacionais e de Saúde Mental da Advocacia.

 Dentre estas novas técnicas temos as Constelações Familiares, criadas pelo filósofo alemão Bert Hellinger, e já aplicadas no Direito Sistêmico, com resultados notáveis provando ser um método adequado e integrativo de resolução de conflitos. Foi o Juiz Sami Storch, atualmente lotado na 2ª. Vara de Família de Itabuna, quem pioneiramente utilizou-se da técnica para a resolução consensual de conflitos , tendo inclusive ministrado um “workshop” em Salvador, na Escola Superior de Advocacia da OAB/BA,  no final de 2018, numa iniciativa do Grupo de Estudos de Direito Sistêmico, coordenado pela advogada Karla Menezes. 

Este é o momento de se celebrar um “pacto” com todos os operadores do direito, que devem fazer a sua parte combatendo a corrupção, buscando uma postura mais ética na sua atuação, e , ao mesmo tempo, apoiando as proposições que possam dar à Justiça condições de ser mais operante, célere e capaz de atender os anseios da sociedade.