Câmara homenageia o advogado Sérgio Nogueira Reis

A Câmara de Salvador realizou nesta quinta-feira (6), às 19h, no Plenário Cosme de Farias, uma sessão solene para outorga da Medalha Thomé de Souza para o advogado e mestre em Direito Sérgio Nogueira Reis. A atividade de entrega da honraria foi presidida pelo vereador Téo Senna (PHS).

Especialista em Direito Médico, Sérgio Reis possui inúmeros artigos em publicações jurídicas de circulação nacional, além de palestras e livros lançados internacionalmente, com tradução para o inglês e o espanhol. “Ele já recebeu desta Casa Legislativa o Prêmio Cidadão Voluntário, por consultoria gratuita a instituições sociais”, destacou Téo Senna.


Assista ao vídeo do evento na íntegra:


Natural de Salvador, o advogado nasceu em maio de 1963 e se formou em 1984 pela Universidade Católica de Salvador (Ucsal). Em 2008, concluiu seu mestrado em Direito Privado com ênfase em Biotecnologia, pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), com tese sobre Terapias com Células Tronco.
O homenageado trabalha como associado da Nogueira Reis Advogados e atua na área empresarial dentro dos segmentos do Direito Tributário, Comercial, Civil e Consumerista, sendo especialista em temas como bioética, holística e células-tronco. “Posso citar como atividades do homenageado a realização de palestras que abordam temas como eutanásia, aborto e reprodução assistida e levam esclarecimento para a população”, pontuou o vereador.


Veja fotos do evento:

(Ao clicar em uma das fotos você irá para o slide show e poderá navegar pelas fotos através das setas na tela ou no seu teclado.)


Leia o discurso na íntegra:

DISCURSO DE AGRADECIMENTO DA MEDALHA THOMÉ DE SOUZA

Gostaria de saudar a mesa das autoridades, iniciando pelos Exmos. Senhores: Dr. Augusto de Lima Bispo, Primeiro Vice-Presidente do Tribunal de Justiça da Bahia; pela Dra. Ana Patrícia Dantas Leão, competente e atual Vice-Presidente da OAB-BA; pelo Dr. Fábio Vilas Boas, nosso dinâmico e operoso Secretário de Saúde do Estado da Bahia; pela ilustre juíza Dra. Elbia Araújo, Presidente da AMAB – Associação dos Magistrados da Bahia; pelo renomado Prof. Sérgio Schlang, Vice-Presidente do IAB – Instituto dos Advogados da Bahia; pelo Deputado Estadual Eduardo Salles, representando a Assembléia Legislativa e nosso querido Vereador Teo Senna, competente membro desta Câmara, criador do Prêmio “Cidadão Voluntário Santa Casa da Misericórdia”, que durante muitos anos destacou diversas organizações pelos relevantes serviços voluntários prestados à sociedade, por fim saúdo todas as ilustres presenças familiares e amigas da platéia, minhas senhoras e meus senhores.

Preliminarmente, pela consciência de honrar quem veio antes, quero referir na minha fala sobre Thomé de Sousa, afinal é o nome dele, que carrega esta comenda e a mim cabe respeitá-la e honrá-la. Thomé de Souza nasceu em Portugal, por volta de 1503. Veio para a Bahia, em 1549, organizou e administrou, com uma grande equipe de pessoas, a construção da cidade de Salvador, para ser a primeira capital do Brasil, que governou até 1553. Trago esta pequena história como um exemplo de disciplina e dedicação a algo que represente a materialização dos seus sonhos e me sinto pertencido ao reconhecer que, desde cedo, empenhei-me na causa da paz e do voluntariado, pela minha cidade de Salvador, agradecendo esta honraria e me comprometendo a continuar contribuindo para esta linda capital.

Inicialmente, preciso agradecer a presença da minha família nuclear, base de tudo que sou, que “me deu régua e compasso”, meu pai, o advogado Antônio Carlos Nogueira Reis, professor de Direito Tributário e Financeiro da UCSAL por mais de 30 anos, ex-presidente da Academia de Letras Jurídicas da Bahia; minha querida mãe Regina Neeser Nogueira Reis, que, com sua sensibilidade, mostrou-me a importância da intuição; meu irmão Marcelo, advogado tributarista, com quem aprendi, primeiramente, a compartilhar o amor fraterno, e sua esposa Lívia minha querida cunhada e filhas Marcela e Marina; minha avó Agnes Neeser, minha consciência filosófica.

Agradecendo também a presença da família que eu constitui com minha amada esposa e alma gêmea, Tânia Motta Nogueira Reis, advogada e escritora, que fundou em 2002, uma ONG de mulheres para promover a paz

nos lares e combater a violência doméstica; minha querida filha, Diana, estudante de Psicologia, que há 21 anos ilumina meus dias com o seu sorriso amoroso; minha maravilhosa sogra Shirley Alves, através da convivência com ela, derrubei o “mito das sogras más”, porque ela sempre foi uma segunda mãe para mim. Também agradeço a presença dos meus estimados cunhados Eliana e Marcelo Fonseca e da minha sobrinha Raquel. Aproveito para nomear, também, minha cunhada Célia e meus queridos sobrinhos Hugo e Johanna, que moram no exterior.

Outrossim, saúdo os meus amigos advogados e sócios do escritório Nogueira Reis, onde tenho a minha base profissional que me permite tanto trabalhar como doar parte do meu tempo para atividades filantrópicas, começando por meu pai Dr. Antônio Carlos Nogueira Reis, fundador do escritório; meu irmão Dr. Marcelo Nogueira Reis; minha esposa Dra. Tânia Motta Nogueira Reis; a Dra. Morgana Cotias, e os Drs. João Alberto, Izaak e Roberta, Sinésio, Victor, Lucas, Rafael, Leonardo, Filipi, Carlos Eduardo e Lorena, Ana Letícia, Sara e Juan, terminando esta saudação com nossos funcionários dedicados.

Inicio este discurso de agradecimento, salientando que esta Medalha Thomé de Souza é fruto de um trabalho desenvolvido nos últimos 35 anos, por isso que divido esta medalha com todos vocês, que aqui estão presenciando este momento e que trabalham como voluntários, para servir o próximo e semear sementes do bem, como gotas oceânicas formando um oceano de amor, lembrando que o mestre indiano Paramahansa Yogananda cantava para Deus: “Eu sou a onda, faz de mim o mar”. Sinto-me uma onda e peço a Deus que me dê forças para, junto com todos vocês, criarmos um mar de amor e esperança.

Desde que me formei em Direito na Universidade Católica de Salvador, em 1984, venho exercendo a função social do advogado, em parte do meu tempo, utilizando o meu conhecimento jurídico para ajudar, gratuitamente, na criação de dezenas de sociedades civis sem fins lucrativos que comumente denominamos de ONGs – Organizações Não Governamentais.

Eu acredito na força do voluntariado como expressão da atividade cidadã, antes vista como mera ação de caridade, hoje, deve ceder espaço ao conceito de cidadania, resgatando no indivíduo o espírito de solidariedade e da participação na melhoria da qualidade de vida da sociedade como um todo. Acredito de verdade que podemos doar nosso tempo, dons e habilidades para a construção de uma sociedade mais justa, fraterna, ética e pacífica.

Este desejo de servir o próximo vem desde a origem latina do meu próprio nome Sérgio, da palavra “servo” e das lições que aprendi com o Mestre Jesus Cristo, que nos ensinou exemplos de amor, com base na sua regra de ouro, “fazer ao próximo o que deseja que façam a você mesmo”, bem como dos grandes líderes humanistas Mahatma Gandhi, que conseguiu liderar a independência da Índia através da “ahimsa” (não violência) e de Nelson Mandela que acabou com o “apartheid” na África do Sul, também de forma pacífica, sendo eleito seu presidente.

Assim agindo, construi uma rede de amigos de grande valor, que chegaram a mim, com os mesmos objetivos que eu tinha de construir um mundo melhor. Sempre fiz meu trabalho voluntário ajudando na constituição jurídica de ONGs, trabalho este que me deu meu primeiro prêmio nesta casa, “Cidadão Voluntário”, no ano de 2011. Neste instante, vou destacar algumas delas, que, até hoje, estão entrelaçadas com a história da minha vida, como parte da minha missão divina ou “dharma”, como dizem os indianos.

Inicialmente, destaco o Centro de Voluntários da Bahia – CVB, que foi fundado em 1998 e funcionava na sede do SEBRAE no Pelourinho, eu era o Vice-presidente, sendo o Sr. Djalma Ferreira, gerente da UNESCO, na época, o seu presidente, tendo ainda na coordenação a psicóloga Ana Cristina Matos e conselheiras Virgínia Garcez ,Edmundo Kroger e Viviane Quênia. O objetivo social do CVB era promover a cultura do voluntariado na sociedade, organizando a oferta e a demanda de voluntários para a prestação de serviços gratuitos às instituições sociais como o GACC – Grupo de Apoio a Criança com Câncer, Obras Sociais de Irmã Dulce, CVV – Centro de Valorização da Vida, APAE, etc. O CVB teve grande destaque em 2001, ano internacional do voluntariado, em razão da maior exposição na mídia com a campanha da TV Bahia “Minuto Voluntário”. Naquela época, em 2001, a pesquisadora antropóloga Leilah Landim afirmava que tínhamos 20 milhões de voluntários no Brasil, sendo que, após esta campanha, o CVB conseguiu capacitar e encaminhar cerca de 5.000 voluntários para 140 ONGs cadastradas.

Hoje, o CVB não existe mais, entretanto a necessidade deste trabalho ainda continua. Lembrando, que, com a mesma disposição e entusiasmo que ajudei a criar a CVB, no ano passado, 2017, ajudei a criar uma nova ONG chamada “99 por 1” , tendo como Presidente Sr. Marcelo Guardia, aqui presente, que tem atividades similares ao Centro de Voluntário da Bahia.

Outro marco importante na minha vida foi fazer a “Formação Holística de Base”, entre 1995 e 1997, na UNIPAZ – Universidade Holística Internacional que tinha uma filial em Salvador e sede em Brasília, cujo reitor era o psicólogo Pierre Weil, depois sucedido pelo, também psicólogo, Roberto Crema. Neste curso tive a oportunidade de estudar técnicas para promover a cultura de paz, diversas tradições espirituais, filosofias, psicologia, terapias holísticas, física quântica, inteligência emocional e fui estimulado por Pierre a publicar meu primeiro livro “ Uma Visão Holística do Direito” (1997), que introduziu este novo paradigma para os operadores do Direito, onde eu tentava ensinar a importância de buscarmos métodos conciliatórios para a resolução de conflitos, negociações no estilo “ganha-ganha”, trabalhando com a transmutação das emoções negativas daqueles clientes que desejavam mais uma vingança do que a solução jurídica para o seu problema.

Felizmente, agora, a OAB – Ordem dos Advogados do Brasil passou a se preocupar mais com a saúde mental dos operadores do Direito e a prevenção de doenças ocupacionais na advocacia, com a publicação do Provimento 186, de 13.11.18 – tema com o qual já vinha alertando há mais de 20 anos, com a publicação do meu livro “Uma Visão Holística do Direito”, que foi traduzido para

o inglês e espanhol, tendo como revisora dele minha querida esposa Tânia, que também é advogada holística, e que juntos, viajávamos, para conferências internacionais, para darmos palestras, e divulgar nosso trabalho para outros juristas dos EUA, Europa e Canadá, que faziam parte da “International Alliance of Holistic Lawyers” – Associação Internacional de Advogados Holísticos com sede nos EUA.

Com o impacto do lançamento deste livro, através da UNIPAZ, também ministrei palestras em suas filiais no RJ, SP, Londrina, Florianópolis, Sergipe, Ceará, Recife e fui até Findhorn – Escócia. Aqui em Salvador, passei a fazer palestras na sede da OAB, no MP, Tribunal de Justiça e algumas Faculdades de Direito. Hoje, faço parte da Diretoria da Unipaz Ba, que também ajudei a fundar, com a Presidente Virginia Garcez, Sandra Gonzaga, Aline Menezes, Antonio Amorim, Clodoaldo, Susana e Tânia.

Com esta convivência com vários colegas da UNIPAZ, que eram terapeutas holísticos, fui convidado para ajudar a criar juridicamente o Sindicato dos Terapeutas Holísticos, em 2001 e 2002, cujos presidentes na época eram Mariângela Marcovaldi, Antônio Norberto Pinto e meu amigo Percival Carpi. Fiz também a atualização jurídica da Ordem dos Terapeutas Holísticos, cuja presidente era Rosivane Rocha da Silva. Inclusive, participando de processos judiciais para defender o direito dos terapeutas trabalharem com base na Constituição Federal, pois estavam baseados em tradições milenares de cura, como na acupuntura e nas mais recentes pesquisas científicas constantes nos livros “Medicina Vibracional” de Richard Gerber, “ Cura Quântica” de Deepak Chopra, “Ponto de Mutação” de Fritjof Capra, “Mãos de Luz” de Barbara Ann Brenan, “Você Pode Curar sua Vida” de Louise Hay, dentre muitos outros. Tema já abordado por Albert Einstein, na sua época, ao provar que toda matéria é formada de energia, forneceu os fundamentos básicos das terapias energéticas, quando lecionou que: “Um ser humano é uma parte do todo, a que chamamos universo, uma parte limitada no tempo e no espaço, que concebe a si mesmo, às suas ideias e sentimentos como algo separado de todo o resto. É como se fosse uma espécie de ilusão de ótica da sua consciência”.

A minha busca pela ajuda da causa dos terapeutas me trouxe a esta egrégia casa, onde participei de uma sessão especial nesta Câmara Municipal, no dia 24.04.2003, presidida pelo Vereador Nelson Santana, quando pude discursar nesta tribuna, defendendo a legalização da profissão do Terapeuta Holístico, junto com Percival Carpi, presidente do Sindicato, depois ensinei “Ética e Legislação” no curso de formação de terapeutas da ABPS – Associação Bio-psico-social da Bahia, fundada pelo Prof. Cesar Montes, com a chancela da UNEB – Universidade do Estado da Bahia e também leciono, desde aquela época, esta mesma disciplina sobre Legislação no Grupo Omega, no curso de Formação em Terapias Transpessoais, coordenado pelos profs. Mário Rodrigues e Carla Mirelli. Hoje, temos o “Dia do Terapeuta”, que é comemorado no dia 10 de dezembro, criado por iniciativa do Vereador Sandoval Guimarães. Com todas estas conquistas, só em 2006, o SUS – Sistema Único de Saúde, passou a incorporar as terapias complementares no

seu rol oficial de procedimentos curativos, com a edição da Portaria 971 do Ministério da Saúde, que aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares.

Os caminhos que íamos abrindo como advogados holísticos nos levaram, a mim e a Tânia, nossa iniciação como Canais Reilki, pela Reiki Alliance do Japão; fomos também à Califórnia, em 1996, conhecer tudo que havíamos estudado sobre Krya Yoga, quando decidi fazer a iniciação em Krya Yoga, pela Self-Realization Fellowship, instituição fundada em 1920, em Los Angeles – EUA, pelo renomado mestre indiano Paramahansa Yogananda.

Neste mesmo ano de 1996, juntamo-nos a alguns amigos, profissionais de várias áreas do Direito, Psicologia, terapeutas, estudantes da espiritualidade e, irmanados pelo mesmo propósito altruístico, fundamos, com nossos próprios recursos, o Santuário Luz e Vida – Instituto Holístico para Autocura, instituição de caráter assistencial, sem fins lucrativos, destinada a socorrer pessoas que busquem terapias complementares para suas enfermidades, contando com o atendimento dedicado e gratuito de profissionais experientes na prática das mais diversas formas de cura dos males físicos, emocionais e espirituais dos pacientes. Nos últimos 25 anos, tenho dedicado todas as minhas noites de terça-feira ao meu plantão semanal no Santuário, que inclusive já ganhou título de utilidade pública da Assembleia Legislativa, pelo reconhecimento deste trabalho. Aproveito, aqui, esta oportunidade para homenagear sua presidente Liliani Araujo Souza Quirino e seus demais fundadores: Luiz Roberto Matos e esposa Vanda, Adolfo e Claudia Ferri, José Geraldo, Juciara Melo, Marianina Pedreira, Indiara Oliveira e Inês Lessa, bem como a minha esposa Tânia.

No exercício da advocacia, muitas instituições filantrópicas têm sido beneficiárias dos serviços advocatícios não remunerados que pude prestar. Selecionei algumas delas, para melhor ilustrar: o Instituto Erik Loeff – Unidade de Onco-Hematologia Pediátrica, dedicado a crianças com câncer, que funciona no Hospital Santa Izabel, em Salvador, e ao qual pude ajudar por mais de 10 anos, a convite de sua presidente, a saudosa Sra. Solange Viana; a Sociedade Suíça de Beneficência, onde assumi sua Diretoria Jurídica, há mais de 30 anos, e fiz a atualização de seu Estatuto Social, a convite de seus presidentes Fritz Buchser, Oto Schaepi, Hugo Kaufman, Jacques Delisle, Verena Tobler e do Cônsul da Suíça, à época, meu estimado tio Adriano Neeser; a Câmara de Negócios Brasil Portugal, que também tive a honra de fazer a ata da sua fundação e primeiro Estatuto Social, ao lado do seu dinâmico primeiro presidente, hoje Deputado Estadual, Dr. Eduardo Salles, depois Augusto Carrera, Castelo Branco, Antonio Coradinho e Ricardo Galvão.

Continuando, gostaria de destacar minha participação na UNISOES – União de Sociedades Espiritualistas, Filosóficas, Científicas e Religiosas, fundada em 10 de junho de 1989, por um grupo de presidentes de várias instituições

espiritualistas, ou seja, no próximo ano completará 30 anos de funcionamento, promovendo a unidade na diversidade, a cultura da paz, respeito a liberdade de culto sem discriminação e preservação da natureza. Lembrando o ensinamento de Albert Einstein: “É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”.

Homenageando os presidentes da UNISOES, Srs. Ana Santos e Ernesto Cardoso, tive a honra de legalizá-la, redigindo a sua Ata de Fundação e seu Estatuto Social em 10.06.2001. Abro um parêntese para dizer que a Profa. Ana Santos também é uma gourmet naturista e é quem assina as delícias gastronômicas que serão servidas nesta noite, no nosso coquetel. Voltando, lá, na UNISOES, pude aprofundar meus estudos das religiões e vivenciar práticas do Catolicismo, Espiritismo, Hinduismo, Umbanda, Judaismo, Islamismo, Seicho-No-Ie, Sociedade Teosófica, Brahma Kumaris, Hare Krishna, dentre outras religiões e filosofias.

Com afinco, empenhei-me, então em redigir uma substancial monografia de 730 páginas, comparando as visões destas religiões com os fatos da vida cotidiana normatizados pelo Direito, no livro “Justiça Divina x Justiça dos Homens”, publicado no ano 2000, que logo depois foi traduzido para o inglês. Esta obra consta também, nas suas páginas finais, alguns questionários respondidos por mestres espiritualistas, dentre eles o Prof. Divaldo Franco, palestrante espírita renomado, esclarecendo as consequências cármicas e espirituais de nossas ações nesta vida, que esclarecem bem a lição de São Tomás de Aquino: “ A ciência do Direito é um bem espiritual”.

Com o pensamento de ajudar nosso órgão de classe dos advogados , lancei-me a contribuir no ofício de julgar processos contenciosos no Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-BA, onde pude acumular larga experiência, nos nove anos seguidos (2001 a 2009) em que prestei desafiantes serviços à classe dos advogados, ajudando a melhorar o nível ético da advocacia, dali migrando para presidir a recém criada Comissão de Bioética, Biotecnologia e Biodireito da OAB-BA, tema do meu mestrado.

Nos anos de 2008 e 2009 fiz meu Mestrado em Direito Privado na UFBA, quando tive a chance de me aprofundar no estudo da Bioética e do Biodireito, dedicando-me à análise dos reflexos jurídicos da utilização de novas tecnologias na genética humana, na reprodução assistida, clonagem, transplante de órgãos, eutanásia dentre outros temas polêmicos do livro que escrevi com a Profa. Monica Aguiar, “Bioética no Cinema”, em 2009.

Em 2010, lancei outro livro “Bioética, Biodireito e Células Tronco – A Vitória da Esperança” . Ao prefaciar esta obra, a doutora em Direito e ex-juíza federal Mônica Aguiar, professora nos cursos de Graduação e de Pós-Graduação na UFBA e minha orientadora no Mestrado, assim se expressou: “Com rigor técnico, revelando sólida formação jurídica, o autor soube traçar os parâmetros para uma criteriosa análise doutrinária das consequências das pesquisas com células-tronco embrionárias e as limitações jurídicas que as envolvem, sem esquecer a relevância da utilidade do uso da técnica como forma de minorar o sofrimento humano, ao permitir a cura de inúmeras doenças.”(…) “Imensa é a

importância desta obra que não perdeu sua atualidade com o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.510, feito pelo Supremo Tribunal Federal, mas, ao contrário, serve de fundamento teórico para ampliar o entendimento em derredor do tema.”

Através dos meus escritos nesse novo livro, procedi na defesa da liberação das pesquisas com células tronco, antecipando à posição assumida majoritariamente na Suprema Corte, tenho me empenhado em oferecer alternativas capazes de proporcionar um melhor funcionamento do nosso Judiciário. Em seguida fundamos, juntamente com as Profas. Maria Auxiliadora Minahim, Mônica Aguiar, Antônio Nery, Deivid Lorenzo, dentre outros, em Salvador, a Regional da Bahia, da Sociedade Brasileira de Bioética, que tenho a honra de ser o atual presidente.

Posteriormente, nos anos de 2010 e 2011, cursei uma pós-graduação em Direito Ambiental na UFBA, sob a coordenação do renomado Prof. Heron Santana Gordilho, tendo a oportunidade de fazer minhas pesquisas nos arquivos dos Ministérios Públicos Estadual e Federal, levantando os maiores passivos ambientais na Baía de Todos os Santos nos últimos 10 anos, como o derramamento de petróleo, contaminação por mercúrio, pesca com bomba, o que resultou na publicação do meu último livro publicado em 2012, “Direito Ambiental na Baía de Todos os Santos”, na época em que eu era Presidente do Rotary Clube Baía de Todos os Santos, que funcionou por 5 anos no Palácio da Associação Comercial da Bahia, no Comércio, tendo como principal objetivo a preservação ambiental da BTS – Baía de Todos os Santos , que foi escolhida como capital da Amazônia Azul e foi convidada para integrar o clube das mais belas baías do mundo. Aproveito para saudar o trabalho de Eduardo Athayde, diretor da WWI – World Watch Institute; da profa. de Química da UFBA, Tânia Tavares; Virginia Garcez e Aline Menezes, diretoras desta instituição. Neste período, também tive a oportunidade de fazer vários eventos em parceria com a PROMAR, cujo presidente atual ainda é o meu amigo Zé Pescador, com quem estive na semana passada, novembro de 2018, no “IV Seminário de Sustentabilidade da Baía de Todos os Santos”, evento realizado por ele, que é o atento e incansável combatente do bioinvasor coral sol, espécime estrangeira que ameaça a biodiversidade dos nossos corais da BTS.

Ultimamente, tenho participado do Grupo de Estudos de Direito Sistêmico, na ESA-OAB, coordenado de forma competente e eficaz pela advogada Dra. Karla Menezes, onde estamos estudando as técnicas de Constelação Familiar, criadas pelo filósofo alemão Bert Hellinger, para solucionar problemas jurídicos diversos, aproveitando também as lições do juiz Sami Storch, que já vem aplicando a Resolução n. 125/2010 do CNJ – Conselho Nacional de Justiça, que recomenda os meios consensuais para solução de controvérsias, visando a pacificação social, tendo alcançado sucesso na resolução de conflitos em 80% dos processos na sua atual 2ª. Vara de Família, em Itabuna.

Nesta mesma linha de conciliação, acredito na eficácia da aplicação da Justiça Restaurativa na reparação dos crimes de menor potencial ofensivo, como prevê a Lei 9.099/95 e a Resolução n. 225, de 31.05.2016 do CNJ, com a composição civil dos danos, evitando a instauração de uma ação penal, a

reincidência dos infratores e a rejudicialização, ou seja, o ajuizamento de novos processos entre as mesmas partes. Esta justiça alternativa vem tomando impulso na Bahia, sob a coordenação da sensível Desembargadora Dra. Joanice Guimarães de Jesus.

O mestre Rui Barbosa sempre ressaltou a importância da Justiça: “Se alguma coisa divina existe entre os homens, é a Justiça. Nisto se compendiam todas as minhas crenças políticas. De todas elas essa é o centro”.

Aos 55 anos, sinto que todas essas experiências e produção jurídica têm me direcionado numa rica trajetória de vida, permitindo-me alcançar muitos dos meus objetivos. Sinto-me, agora, capacitado para realizar mais um desejo de continuar servindo a sociedade: ingressar na magistratura, como desembargador, através de eleição pelo quinto constitucional. Este forte anseio, que há dez anos persigo, tem um lastro na vasta produção literária por mim publicada sobre várias temáticas jurídicas, além da busca mais ágil da resolução dos conflitos, tenho consciência desta significativa contribuição que sou capaz de oferecer, integrando a mais alta corte do nosso Judiciário, como Desembargador.

Numa sincronicidade interessante, fui nomeado pelo Vereador Teo Senna, para receber a Medalha Tomé de Souza na noite de hoje, e como estou em campanha eleitoral, neste mesmo dia, fui submetido, pela manhã a sabatina pelos Conselheiros da OAB, para concorrer à indicação da OAB para compor o Egrégio Tribunal de Justiça deste Estado pelo Quinto Constitucional, na vaga reservada aos advogados, com eleições marcadas para o dia 19 de dezembro de 2018, com votação pela internet.

Como disse no início deste meu discurso, parafraseando o mestre indiano Paramahansa Yogananda, “eu sou a onda, faz de mim o mar”, em frente ao belo mar da Baía de Todos os Santos, nesta Câmara Municipal de Salvador, onde estou rodeado por um mar de amigos, familiares e colaboradores, sinto que este é o momento de se celebrar um pacto com todos os operadores do Direito, para atuarmos de forma mais ética, apoiando as propostas e ações que possam alavancar a Justiça, para que seja mais célere e capaz de atender os anseios da sociedade. Muito obrigado.

Salvador, 06 de Dezembro de 2018

Sérgio Neeser Nogueira Reis